Cachaça Cinema Clube
13 de setembro de 2012
Sessão de aniversário: 10 filmes para 10 anos
Criado em agosto de 2002, o Cachaça Cinema Clube
comemora 10 anos de atividade no dia 13 de setembro, em sua 104a. sessão.
Ao longo desses anos, entre outras coisas, Lula foi
eleito, reeleito e fez sua sucessora; viramos país emergente; milhões de
pessoas ultrapassaram a linha de pobreza; pontos de cultura brotaram,
floresceram e agora carecem de cuidados; viramos sede da Copa e das Olimpíadas;
bateu-se o recorde de bilheteria de Dona Flor e seus dois maridos; não ganhamos
o hexa nem o Oscar; e o cinema brasileiro virou novíssimo. E o Cachaça seguiu
oferecendo ótimos filmes, cachaça e música uma vez por mês, no cinema Odeon, na
Cinelândia, felizmente ainda de portas abertas. Uma década de amor e dedicação
ao cinema brasileiro, de formação de público, de pesquisa, reflexão, celebração
e pista. Uma década de Cachaça Cinema Clube!
Quem frequenta o Cachaça e/ou acompanha a programação,
sabe que já exibimos todos os grandes filmes de praticamente todos os maiores
diretores do cinema brasileiro. E também as obras das novas gerações.
Clássicos, desconhecidos, lançamentos, novidades, raridades. Rever a lista dos
mais de 500 curtas exibidos é como ver a história do cinema brasileiro, e isso
é bem emocionante. Um verdadeiro motivo de orgulho.
Para o aniversário de 10 anos, escolhemos 10 filmes
marcantes dessa trajetória, num clima de retrospectiva. Mas, como sempre, o
Cachaça foge do óbvio e deixa os clássicos absolutos para outra ocasião. 10
maravilhosos filmes, alguns bastante conhecidos, outros pouco ou nada, que
merecem ser vistos e revistos, sempre. E para deleite dos cinéfilos, todos os
filmes serão exibidos em seu formato original: a boa e velha película 35mm.
Imperdível.
A sessão inicia com uma ode de amor ao cineclubismo: O
guru e os guris, de Jairo Ferreira, filme-invenção de 1972 com Maurice
Legeard, um dos fundadores do Clube de Cinema de Santos.
O apreço que o Cachaça tem pela preservação
audiovisual é apresentado em Maluco e Mágico, ficção mirabolante
de 1927, dirigida por Wiliam Shoucair, típica obra encontrada em um arquivo de
filmes.
Os abalos sísmicos da linguagem de Arthur Omar fazem
de O
inspetor, biografia artística de Jamil Warwar, lendário detetive brasileiro,
um filme único no cinema nacional.
Animação brasileira das mais premiadas, Meow,
filme de 1981 de Marcos Magalhães, apresenta a globalização cultural de forma
sintética e didática. Não pense, beba.
Quando a simplicidade é mais forte que tudo: Cidadão
Jatobá, de Maria Luiza Aboim, é um documentário lindo de morrer sobre
índios do Xingu e uma canoa.
Ilustres como Fritz Lang, Claudia Cardinale e outros
nomes do jetset do cinema internacional aproveitam o Festival Internacional de
Cinema na cidade maravilhosa em Rio, capital mundial do cinema,
filme de 1968.
Copa Mixta, documentário de José Joffily de 1980, é uma declaração de amor em forma
de poema audiovisual pairando sobre o bairro mais famoso do país.
Precursor dos videoclipes, Mutantes, de Antônio
Carlos Fontoura, é um passeio com o grupo de rock tropicalista em seu auge de
beleza pela São Paulo de 1970.
E voltamos à década de 40 para apresentar mais um
tesouro de cinemateca: Tabu, filme obscuro e renegado de
Eurico Richers, traz a mítica bailarina alemã Felicitas Barreto num rito
indígena em terras amazônicas nos idos de 1949.
Ivan Cardoso, cineasta que virou parceiro e já teve
toda a sua obra em curta-metragem revista no Cachaça fecha a sessão com seu
delirante À meia-noite com Glauber, para todos saírem da sessão a ponto
de bala para a grande comemoração que se segue.
Os filmes
Semi-documentário sobre o cineclubismo brasileiro, focalizando um dos fundadores do Clube de Cinema de Santos: Maurice Legeard. Jairo Ferreira encontra na figura de Maurice Legeard a estratégia para falar da paixão pelos filmes, exercitando a linguagem de invenção que mobiliza sua trajetória como crítico e realizador. Dirigindo o Clube de Cinema de Santos, um dos mais antigos do país, Legeard encara o cineclubismo como uma maneira de aglutinar filmes, pessoas e idéias ao seu redor - seja na sala de cinema ou numa mesa de bar.
Em uma ilha, vive o esquisito povo que não trabalha. Mulheres brincam na praia, com toques de erotismo. Recém-chegado da Índia, onde cursou faquirismo, surge um mágico e também maluco, que causa confusões no local.
A psicologia, os métodos e a filosofia de Jamil Warwar, detetive conhecido como o "Baretta Brasileiro".
Um gato esfomeado fica sem leite e é convencido a tomar um certo refrigerante. Será ele mais uma vítima da globalização? Terá ele salvação?
Um grupo de índios jovens de diferentes etnias do Parque Nacional do Xingu aprende a construir a tradicional canoa feita da casca do jatobá. Devido às limitações do parque, esse tipo de canoa de rápido feitio, que servia principalmente para a exploração das redondezas, deixou de ser usada e só os mais velhos da aldeia ainda sabem construí-la.
Filmes brasileiros, produtores do nosso cinema, nossas obras cinematográficas repercutidas no exterior. A alegria que a cidade do Rio de Janeiro proporciona através do samba que contagia os artistas e participantes do Festival Internacional de Cinema, sedidado na cidade em seu IV centenário, entre eles Fritz Lang e Claudia Cardinale, entre outros ilustres.
Documentário sobre Copacabana baseado em entrevistas, músicas e imagens do bairro.
Um dia na cidade de São Paulo com Os Mutantes.
Recriação de um ritual indígena através de coreografia estilizada que culmina em um provocante quase nu feminino chocante para a época.
O olho vorticista do ivampirante Ivan escolheu os seus totens, elegeu os seus emblemas, regeu em diadema os seus temas. Este filminvenção glauberélico, helioglauberiano, é uma partitura de iluminuras em mosaico, belas e brutas como pedras recém-saídas de seus geodos.
A festa de aniversário
Após os filmes, a noite prossegue no Cinema Odeon com
a mais tradicional e concorrida degustação de cachaça do Rio de Janeiro,
patrocinada pela Aguardente Claudionor. E no lendário Cine Íris, às 23h, haverá
a festa de comemoração de 10 anos do cineclube, comandada por DJ H. A
celebração especial continua em clima de retrospectiva, com show de Comanches, que retoma o espírito samba
rock que marcou a fase inicial da festa do Cachaça. Celebrando os ícones da malandragem e influências
da jovem guarda, a banda toca clássicos dos anos 60 e 70 temperados com um irresistível
swing. No repertório do show encontram-se pérolas da pilantragem de Wilson
Simonal, Jorge Ben, Marcos Valle e uma homenagem especial ao ator/cantor
Mussum, dos Originais do Samba. A banda é composta por Sérgio Pascolato (voz,
guitarra), Pedro Selector (baixo, trompete,
voz), Robson Riva (bateria, voz) e Francisco Sartori (teclados,
voz). Participação especial da cantora Luciana Lazulli e o mestre de cuíca
Carlos Miranda. E para completar a noite, seguindo na proposta de apresentar
novas sonoridades, convidamos Mahmundi,
projeto da jovem compositora e musicista carioca Marcela Vale. Acompanhada de
Lucas de Paiva (co-produção e sintetizadores) e Felipe Vellozo (baixo), Marcela
se rodeia de efeitos sonoros e sinceridade para conquistar os ouvidos logo na
primeira audição. Abençoada por uma escola musical liderada por Rita Lee e
Marina Lima, todo o álbum parece ser tirado do auge dos anos 80, mas brilha com
intensa força, no frescor de sua brasilidade redentora, fazendo das canções de
Mahmundi algo ainda mais plural, contagiante e emocional.
Se segura,
malandro.
Serviço
Cachaça Cinema Clube - 13 de setembro de
2012.
Sessão:
Cinema Odeon Petrobras, 21h. Praça Floriano, 07 – Cinelândia.
Preço:
18 reais (inteira), 9 reais (meia).
Festa:
Cine Íris, 23h. Rua da Carioca, 49 – Centro.
Preço: 20 reais (inteira), 10 reais (com ingresso da
sessão).
www.cachacacinemaclube.com.br
Depois de seis meses, finalmente uma sessão do Cachaça! Já estávamos órfãos. Aguardamos o merecido post sobre a mudança do perfil, de curtas para pré-estréia.
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