10.12.09

CACHAÇA CINEMA CLUBE
16 DE DEZEMBRO DE 2009
Homenagem a Hélio Oiticica
por Ivan Cardoso


A obra e a memória de Hélio Oiticica sofreram um forte revés com o trágico incêndio que quase aniquilou importante pedaço da história da arte brasileira contemporânea. Por sorte, parte do acervo sobreviveu (e poderá ser restaurado). Assim como sobrevivem as lembranças de Hélio Oiticica espalhadas em museus, galerias e gravadas em película cinematográfica.

Ivan Cardoso foi um dos que melhor imprimiram sua figura em imagem e movimento. O cineasta fez uma série de curtas dedicados a Hélio, artista cuja produção se destaca pelo caráter experimental, político e inovador. Seus experimentos, que pressupõem uma ativa participação do público, são, em grande parte, acompanhados de elaborações teóricas, comumente com a presença de textos, comentários e poemas. Sua frase: "Tudo o que disserem que não pode ser feito, pode!", resume bem sua forma de encarar a arte e a vida.

Ivan Cardoso – fotógrafo, diretor, produtor, artista plástico e jornalista - estreou no cinema em 1970 com "Nosferatu no Brazil", filmado em super-8 e estrelado pelo poeta tropicalista Torquato Neto. Desde então realizou mais de 20 curtas e seis longas. Sua ligação com artes plásticas e, em especial, com Hélio Oiticica, remonta a esta época, quando participou ativamente dos movimentos poético-cinematográficos de vanguarda no país.

Curiosamente, seu acervo também se encontra em risco. Os materiais originais de alguns de seus curtas já não existem mais, como o som do filme Dr. Dyonélio, de 1978.

Neste mês de dezembro, em homenagem a Hélio Oiticica, e em protesto à política de preservação de acervos no país, o Cachaça Cinema Clube programou uma sessão só com curtas de Ivan Cardoso sobre o artista plástico.

DESTAQUES

A sessão conta com curtas que demonstram muito bem a forte ligação de Ivan Cardoso com a força criativa de personalidades como Hélio Oiticica. Filmes sobre o artista, com o artista como ator e sobre seu diálogo com outros artistas. Neste caso, destaca-se o curta À meia-noite com Glauber Rocha, onde mais uma obra de peso é repassada em imagens. Glauber Rocha e seu tempo, seus filmes e pensamento são, nesse curta, os alicerces que formam o amálgama estético por onde transitam os bastiões da cultura brasileira, em especial, Hélio Oiticica.

Destaque também para Heliorama, montagem realizada por Ivan com material audiovisual de Hélio, onde antigos filmes superoito, material fotográfico e cinejornais mostram o artista em momentos íntimos e consagradores. Também merece menção a estréia mundial do novo trabalho de Ivan, A montanha e o trovão, clip em homenagem a Bob Dylan com montagem de Paulo Sacramento, premiado montador de Amarelo Manga, de Cláudio Assis, Encarnação do demônio, de José Mojica Marins, entre outros.


OS FILMES



Dr. Dyonélio, de Ivan Cardoso. 1978, 13’.


Dionélio Machado, escritor gaúcho por quem Ivan Cardoso tinha grande admiração, era autor, segundo o próprio diretor, de fascinantes descrições da Idade Média. No curta, o escritor é mostrado em sua casa, andando pelas ruas de Porto Alegre, vivendo sua vida cotidiana. Hélio Oiticica está lá, trajado de romano.


HO
, de Ivan Cardoso. 1979, 13’.


A obra de Hélio Oiticica é revista através das considerações poéticas de Haroldo de Campos. O curta conta com participações de grandes nomes ligados a Hélio e que, de alguma maneira atuaram conjuntamente na definição do movimento cultural da época como Caetano Veloso, Waly Salomão, Ferreira Gullar.

À meia-noite com Glauber Rocha, de Ivan Cardoso. 1997, 16’.


O olho vorticista do ivampirante Ivan escolheu os seus totens, elegeu os seus emblemas, regeu em diadema os seus temas. Este filminvenção glauberélico, helioglauberiano, é uma partitura de iluminuras em mosaico, belas e brutas como pedras recém-saídas de seus geodos.


Heliorama, de Ivan Cardoso. 2003, 15’.


Mais Hélio Oiticica. Colagem de imagens de arquivo do artista plástico, antigos superoito, fotos. Tudo é material para que Ivan Cardoso resgate a pessoa de Hélio e a coloque como ponto central de movimento neoconcretista.


A montanha e o trovão, de Ivan Cardoso. 2009, 6’.


Novo curta-metragem de Ivan Cardoso: clip para música de Bob Dylan. Estréia mundial.


A FESTA


Após a sessão, tradicional degustação de cachaça Claudionor, eleita a 3° melhor do Brasil. Em seqüência festa folk-rock-tropicalista com DJ H.



Cachaça Cinema Clube Dia
16 de dezembro de 2009.
Cinema Odeon Petrobras, 21h. Praça Floriano, nº 7.
Cinelândia.

Preço: 12 Reais inteira, 6 Reais meia.


Contato:

debora@cachacacinemaclube.com.br
www.cachacacinemaclube.com.br